Úteis para calçar algum pé de mesa mais curto? Circulação e pragmatismo na recepção dos livros publicados por frei Veloso, em Minas Gerais colonial

Pratiques pour caler une table bancale ? Circulation et pragmatisme dans la réception des livres publiés par frei Veloso dans le Minas Gerais colonial

Resumo

Este artigo tem por objetivo abordar a recepção e os usos, em Minas Gerais, na virada do século XVIII para o século XIX, dos livros traduzidos e publicados pelo Frei José Mariano da Conceição Veloso, na Tipografia do Arco do Cego. Nesse recorte histórico, algumas tipografias portuguesas procederam à sistematização do conhecimento pragmático e de história natural, traduzindo obras para a língua portuguesa e compilando-as em memórias, que deveriam ser utilizadas para o desenvolvimento de novas técnicas em mineração, de novas culturas agrícolas e de atividades dela derivadas, buscando despertar o interesse dos leitores portugueses e luso-brasileiros para o aproveitamento das riquezas da terra, com o consequente desenvolvimento econômico do Reino. A metodologia de pesquisa utilizada consistiu na análise, a partir de fontes primárias, da circularidade dessas obras literárias no Império português, bem como na revisão bibliográfica sobre esse assunto. Como resultado, verificamos que apesar de terem sido sistemáticas as remessas de livros realizada pela Tipografia do Arco do Cego para Minas Gerais, nem sempre essas obras foram capazes de alcançar os resultados esperados.

Palavras-chave: José Mariano da Conceição Veloso; Livros; Portugal; Minas Gerais; Séculos XVIII e XIX.

Résumé

L’objectif de cet article est d’aborder la réception et les usages, dans le Minas Gerais des XVIIIe et XIXe siècles, des livres traduits et publiés par Frère José Mariano da Conceição Veloso à la Typographie de l’Arco do Cego. Durant cette période, quelques officines typographiques portugaises ont cherché à systématiser les connaissances pratiques en matière d’agriculture et les connaissances en matière d’histoire naturelle, à travers la traduction en portugais et la compilation de travaux étrangers. Le but de cette démarche était de développer au Brésil de nouvelles connaissances en matière d’agriculture et d’activités dérivées et d’éveiller l’intérêt des lecteurs portugais et luso-brésiliens à la bonne exploitation des richesses de la terre, afin d’aider au développement économique du Royaume. La méthodologie de recherche utilisée a consisté à analyser à partir de sources primaires la propagation de ces travaux dans l’Empire Portugais, ainsi que le renouvellement des connaissances sur ces sujets. Nous avons ainsi perçu que malgré les envois systématiques de livres réalisés par la Typographie de l’Arco do Cego dans le Minas Gerais, ces travaux n’ont pas toujours atteint les résultats escomptés.

Mots-clé: José Mariano da Conceição Veloso; Livres; Portugal; Minas Gerais; Siècles XVIII et XIX.

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Márcio Mota Pereira

Doutor em História - Universidade Federal de Minas Gerais

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Reçu le 27 octobre 2021/Accepté le 28 juillet 2022

Úteis para calçar algum pé de mesa mais curto? Circulação e pragmatismo na recepção dos livros publicados por frei Veloso, em Minas Gerais colonial

Introdução

          O objetivo deste artigo é traçar um panorama da recepção, da circularidade e dos usos na América portuguesa e, sobretudo, em Minas Gerais, das obras impressas pela Tipografia do Arco do Cego (Lisboa, Portugal) na virada do século XVIII para o século XIX.

Para tanto, utilizou-se enquanto metodologia de pesquisa a busca em fontes primárias - sobretudo em correspondências entre autoridades metropolitanas e coloniais - de informações relativas à circularidade de impressos da Tipografia do Arco do Cego entre Lisboa e Minas Gerais, ao longo do recorte histórico em que esta tipografia esteve em funcionamento e nos anos subsequentes próximos. A revisão bibliográfica sobre o tema central foi responsável por corroborar valiosas informações sobre essa circularidade de impressos em outras regiões da América portuguesa.

Em agosto de 1799 a Casa Tipográfica do Arco do Cego imprimiu seu primeiro livro, a Memória sobre a cultura dos algodoeiros (...) (Câmara, 1799). De claro cunho pragmático, tinha por objetivo desenvolver a cultura do algodão em Portugal e em seus domínios, refletindo a máxima proferida por José Mariano da Conceição Veloso, fundador e único administrador daquela tipografia, de que eram necessários instrumentos – no caso, livros – para que a população portuguesa fosse instruída, tanto na metrópole quanto nas conquistas, a colocar em prática novos saberes e práticas agrícolas, que deveriam ser responsáveis por dinamizar a economia.

A impressão da primeira obra naquela tipografia pode ser compreendida como mais um esforço para a consolidação das práticas ilustradas, que tiveram origem na década de 1770, quando Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, empreendeu significativas mudanças acadêmicas, culturais, econômicas e políticas no Reino. Tão rápida quanto foi impressão desses impressos e memórias, no entanto, foi a longevidade da tipografia.

A tipografia que nasceu com o apoio da Coroa portuguesa, próspera e promissora, fechou suas portas pouco mais de dois anos depois. Em seus 28 meses de funcionamento (de agosto de 1799 a dezembro de 1801), realizou a impressão de quase uma centena de títulos, muitos de autoria de letrados portugueses, outros tantos escritos por cidadãos luso-brasileiros e mais algumas dezenas de traduções para a língua portuguesa, a partir de originais em latim, francês e inglês.

A partir desse cenário, buscou-se analisar como era realizada a circulação dessas obras; desde o momento em que eram recebidas pelas autoridades da administração colonial, passando por sua dispersão pelos letrados nas capitanias, com ênfase em Minas Gerais. Também buscou-se verificar se, de fato, essas obras tiveram o alcance previsto, que era propor e desenvolver atividades em áreas como mineração e agricultura, com o objetivo de dinamizar os respectivos setores econômicos.

Apresenta-se como hipótese o fato de que apesar de ter existido uma sistemática circulação de impressos da Tipografia do Arco do Cego na América portuguesa, muitas vezes sua simples distribuição entre a população – letrada ou não – não era suficiente para que os resultados esperados fossem concretizados, ainda que, por outro lado, foi possível verificar a adoção de práticas econômicas que comungavam com a distribuição desses impressos em determinadas regiões.

I. Sem livros não há instrução

            Em Lisboa uma nova tipografia tinha o objetivo de publicizar o conteúdo e os saberes presentes em inúmeras obras que eram consideradas pragmáticas e proeminentes no processo de diversificação das atividades econômicas do Reino. Do outro lado do Atlântico, na América portuguesa e na África, iniciativas como as viagens filosóficas, empreendidas por letrados luso-brasileiros recém-egressos da Universidade de Coimbra, propostas e patrocinadas por dom Rodrigo de Sousa Coutinho, Secretário dos Negócios da Marinha e do Ultramar, eram responsáveis por alimentar o Arco do cego com vasta quantidade de memórias e relatos de viagens e experiências. Da mesma forma, outras instituições de ciências portuguesas, como o Jardim e o Museu da Ajuda, se tornavam receptores de uma enorme quantidade de produtos oriundos dos três reinos da natureza, bem como por outros artefatos feitos pelo homem, a maioria indígena, que eram recebidos com ávida curiosidade pelos europeus (Brigola, 2003, 2019; Pereira, 2018).[1]

Nascido na vila de São José del-Rei, capitania de Minas Gerais, José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811) – batizado como José Velloso Xavier, foi um religioso franciscano que ficou mais conhecido pelas pesquisas em botânica que realizava – e pela tipografia que criou e dirigiu – do que por seu parentesco com Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, [2] de quem era primo. Autodidata e possuidor de um vasto conhecimento em botânica, conquistou a confiança do Vice-Rei do Brasil, dom Luís de Vasconcellos e Sousa, que o levou para Portugal no final do século XVIII; e de dom Rodrigo, o verdadeiro responsável por sua condução ao cargo de editor e diretor da nova casa tipográfica. Entre sua chegada a Lisboa e o início das atividades da Casa do Arco do Cego, frei Veloso atuou enquanto compilador e tradutor de diversas memórias consideradas interessantes para realizar os tão desejáveis melhoramentos para os “estabelecimentos do Brasil” (Galves, 2013: 2).

Desde a década de 1770, influenciados pelo Iluminismo, os letrados portugueses acreditavam que a prosperidade econômica da Nação e de seus domínios poderia ser reanimada a partir da aplicação de conhecimentos técnicos e acadêmicos, pragmáticos e teóricos, fossem eles em novos horizontes da mineralogia, da montanística – a ciência que estudava os metais, nossa metalurgia contemporânea, na botânica ou mesmo no aperfeiçoamento da agricultura e das indústrias que esta propiciava, como a tecelagem por exemplo. Por isso, a partir de 1779 vários naturalistas egressos da Universidade de Coimbra, muitos dos quais nascidos no Brasil, como Alexandre Rodrigues Ferreira, José Vieira Couto, Vicente Coelho de Seabra Telles e o próprio Joaquim Veloso de Miranda, foram enviados aos territórios ultramarinos para atuar na administração pública e, sobretudo, também para realizar suas indagações filosóficas.

Naquele recorte histórico o Brasil era visto como o mais promissor dos territórios ultramarinos, sobretudo em função do seu potencial minerário que, no entanto, deveria ser reanimado utilizando-se novos conhecimentos teóricos que deveriam ser acompanhados de modernas tecnologias (Silva, 2002; Pereira, 2014; Pereira, 2020). Além disso, o território se destacava por sua grande e ainda pouco conhecida diversidade botânica, sendo as chamadas drogas dos sertões outra possibilidade de exploração econômica (Domingues, 2001; Dean, 2002). Isso que justificou, por exemplo, a grande viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira à Amazônia, bem como a centralização dos investimentos da Coroa portuguesa na exploração das potencialidades econômicas desta conquista em detrimento das demais que, contudo, não deixaram de ser igualmente investigadas, ainda que com reduzida atenção. Ademais, Portugal também sentia a necessidade de trazer para o seio da administração régia uma classe de letrados de origem luso-brasileira, tornando-os membros da elite portuguesa e receptores de mercês, o que poderia minimizar o planejamento de outras ações sediciosas, como aquela desmembrada na capitania de Minas Gerais, em 1789. Nesse contexto, frei Veloso se viu em Lisboa, onde desembarcou em 1790, cercado de luso-brasileiros a lhe auxiliar, sendo alguns militares e a maioria oriundos dos cursos universitários de Coimbra, sobretudo daqueles criados após a reforma, como Filosofia e Matemática.

Em seu breve período de funcionamento, a tipografia do Arco do Cego publicou pouco mais de 80 títulos, dos quais 36 eram obras originais de autores luso-brasileiros; 46 obras traduzidas e 6 publicações em latim. Em um período histórico em que a língua latina exercia a predominância nos meios acadêmico e científico, pode-se facilmente perceber a intencionalidade da produção de uma grande quantidade de títulos na língua portuguesa, muitos dos quais dedicados à mineração, à botânica e ao estabelecimento de atividades manufatureiras, demonstrando a intencionalidade da difusão dos conhecimentos ali impressos.

A tipografia do Arco do Cego, no entanto, não resistiu ao tempo. Entrou em colapso através de uma dívida por ela mesma criada. Ao enviar centenas ou mesmo milhares de publicações para serem comercializadas no Brasil e em outros territórios portugueses, esperava receber rapidamente os valores devidos, o que não aconteceu. Em dezembro de 1801, o Arco do Cego fechou suas portas sendo seu patrimônio material transferido para a Tipografia Régia, assim como muitos dos seus funcionários. Frei Veloso somente retornaria ao Brasil junto com a Corte portuguesa, em 1808.

II. Dos livros à prática: livros para desenvolver o Reino

          Do outro lado do Atlântico, na capitania de Minas Gerais, recorte geográfico deste estudo, estavam algumas das outras pontas da rede de sociabilidade acadêmica e intelectual estabelecida no Império português no final do período Mariano. Essa incluía docentes da Universidade de Coimbra, egressos da mesma instituição - muitos dos quais luso-brasileiros que após concluir seus respectivos cursos retornaram às suas Pátrias de origem -, e membros das academias científicas portuguesas, como a Academia Real de Ciências de Lisboa e até mesmo naturalistas autodidatas, como João Manso Pereira. Enquanto o supracitado naturalista Joaquim Veloso de Miranda conduzia suas pesquisas botânicas no entorno de Vila Rica (Ferreira, 2013; Pereira, 2018), seu par e amigo José Vieira Couto, também naturalista egresso de Coimbra dedicava-se ao estudo dos diamantes e das lavras de ferro da Comarca do Serro (Silva, 2002; Furtado, 2010, 2014; Pereira, 2016). Já João Manso Pereira, o naturalista autodidata supramencionado, despendeu anos percorrendo os caminhos entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, onde também realizou pesquisas sobre metalurgia e a exploração de minas de ferro (Varela, 2009; Pereira, 2014).

Em comum, estes naturalistas, letrados destacados pela Coroa portuguesa para a realização de estudos sobre a História Natural nas conquistas do Império português, interagiram intensamente com Lisboa. Enviaram amostras de suas pesquisas e suas respectivas memórias, muitas das quais seriam publicadas tão logo lá chegassem (Pereira, 1797), e receberam, não raramente, impressos com temas variados sobre história natural.

E é neste contexto que a Casa Tipográfica do Arco do Cego atuava. Esse novo empreendimento enquadrava-se na demanda portuguesa por novas tipografias à medida que estudos e memórias eram recebidos, em fluxo contínuo, pelas instituições de ciências portuguesas. Ademais, a criação de uma nova tipografia em território português eliminava a necessidade do envio dos estudos patrocinados pela Coroa lusa à França ou à Inglaterra para serem impressos (Neves, s/d; DeNipoti, 2008).

As remessas de obras pragmáticas – livros com conteúdos práticos que tinham por objetivo desenvolver atividades econômicas específicas, como na área agrícola ou, ainda, reavivar atividades então consideradas decrépitas, como a própria mineração aurífera em Minas Gerais – para o Brasil se intensificaram na década de 1790, enquanto desdobramento da política ilustrada de promover a economia do reino por meio dos saberes científicos. Obras como a Memória sobre a reforma dos alambique, de João Manso Pereira (1797); e Método de preparar a cochonilha (1797), de João Procópio Correia da Silva, foram enviadas por dom Rodrigo ao Brasil por meio de um Ofício, no ano de 1798, para se “espalhar(em) entre os Habitantes do Brasil conhecimentos de que se lhes pudessem seguir vantagens consideráveis”.[3] Uma lista em anexo ao Ofício descrevia os títulos enviados com suas respectivas quantidades e preços unitários e era comum a recomendação de que a autoridade receptaria fizesse “o uso que melhor [pudesses] corresponder ás benignas intenções de Sua Majestade para o aumento da Riqueza Nacional”,[4] ou seja, empregasse tais obras de forma prática, dando-as destinos coerentes de acordo com suas especificidades, a exemplo das obras sobre os alambiques, de Pereira (1797), onde o autor “cita   diversas   técnicas   de   como   obter uma   aguardente   de   boa   qualidade   e   como   construir   um   bom alambique   e   de   baixo   custo” (Oliveira, Milagres, 2006: 30).

A propósito dessas fontes, o acervo da Seção Colonial da Secretaria de Governo da Capitania de Minas Gerais, sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, abriga cópias da correspondência trocada entre Lisboa e o Palácio dos Governadores, em Vila Rica. Nesta, é possível encontrar, dentre outros assuntos, valiosas informações sobre a circulação de impressos entre a Corte portuguesa e Minas Gerais, como a supracitada lista descrevendo os livros em trânsito e sugerindo o destino dos mesmos. Foi a partir dessa correspondência, no mesmo recorte histórico que coincide com a existência da Tipografia do Arco do ego, em Lisboa – e também nos anos subsequentes, que foi possível identificar o trânsito desses impressos entre Portugal e Minas Gerais.

Além destas duas obras, outras sete compunham tal lista. Versavam sobre os mais diversos assuntos, como o cultivo da canela, a produção de tabaco, um ensaio teórico sobre a quina e também sobre a extração do salitre. Além dos impressos, comuns eram as instruções enviadas dentro do corpo do Ofício, as quais muitas vezes pareciam querer reafirmar as solicitações de atividades que aprimorassem a agricultura e a indústria.[5]

Apesar da Casa Tipográfica do Arco do Cego ter sido criada em 1799, foi apenas em 1801, no mesmo ano em que o Arco do Cego encerrou suas atividades, que seus livros começaram a se fazer presentes nas Minas. Bernardo José de Lorena, Governador da Capitania, tão logo recebeu vários volumes de impressos de Lisboa tratou de despachá-los a delegados de núcleos urbanos de toda a capitania, provavelmente seus homens de sua confiança a quem julgava aptos para animar economicamente setores estratégicos da mineração, agricultura e artesania.

O coronel Carlos José da Silva, por algumas vezes foi receptário destes livros sendo que o mesmo deveria ainda providenciar sua distribuição para alguns oficiais de sua confiança sem, contudo, deixar de remeter “o seu valor ao Secretário do Governo para ser enviado à Secretaria de Estado desta repartição”.[6] Nesta ocasião, seriam transmitidos poucos volumes: apenas dois exemplares do Manual do Mineralógico (...), de Bergman, traduzido por frei Veloso (1799) e outros dois exemplares d’O Fazendeiro do Brasil, de Frei Veloso, publicado no mesmo ano.

Não obstante as recomendações de restituição dos valores referentes às obras vendidas, ao contrário do que diz Robert Wegner (2004: 113), os livros da Casa do Cego não eram enviados ao Brasil apenas para comercialização. Apesar de, como vimos, ter existido essa distribuição de livros para diferentes capitanias, a sua maioria tinha enquanto destino as recém criadas instituições de pesquisa das colônias (hortos e jardins botânicos) e as mãos dos naturalistas correspondentes da Universidade de Coimbra, do Jardim Botânico da Ajuda e da Academia de Ciências de Lisboa. Esses estariam habilitados para colocar em prática os novos conhecimentos recebidos. Convém destacar que outros estudos similares apontam a distribuição dos impressos pragmáticos do Arco do Cego nas Províncias de Santa Catarina e de São Paulo (Silva, 1999: 106), onde não haviam hortos botânicos, mas eram regiões propícias ao desenvolvimento de culturas agrícolas e atividades econômicas específicas, como veremos mais à frente.

No ano seguinte, 1802, uma nova remessa do Governador chegaria às mãos do mesmo coronel e de outras autoridades coloniais.[7] O teor da correspondência em nada diferia daquela enviada no ano anterior, incluindo as recomendações. No entanto, desta vez a remessa era mais volumosa, constando 14 títulos assim distribuídos: um Manual do Mineralógico (...), de Bergman (1799); duas unidades d’O Fazendeiro do Brasil, de Frei Veloso (1799); duas unidades versando sobre a produção de linho e cânhamo (Veloso, 1799); quatro unidades versando sobre o cravo da Índia (Fourcroy, 1798); duas unidades do que possivelmente é a Proposta para uma nova subscrição (...), do Conde de Rumford (1799), e duas unidades do A Ciência das Sombras relativas ao desenho, de Dupain de Montesson (1799), o qual também foi traduzido por frei Veloso, sendo esta uma obra técnica e didática sobre a prática do desenho e um exemplar cujo tema era a cultura do algodão, do luso-brasileiro Manuel Arruda da Câmara (1799).

Sequencialmente a este, outros tantos Ofícios foram enviados aos capitães de vários arraiais e vilas da Capitania como Campanha, Congonhas, Guarapiranga, Piranga, Sabará e Vila Nova da Rainha, dentre outras. Ofícios semelhantes a estes acompanhados de suas respectivas listas também foram encaminhados aos coronéis comandantes dos 2° e 3° Regimentos das Comarcas do Rio das Mortes e do Rio das Velhas, respectivamente, de modo que uma simples soma dos conteúdos das listas enviadas pelo Governador Bernardo às autoridades regionais nos revela, apenas no ano de 1802, no mínimo, um total de 227 obras de cunho pragmático.[8]

Convém lembrar que este total se refere a apenas uma sequência das remessas recebidas e transmitidas por Bernardo e que outras Capitanias igualmente receberam os impressos do Arco do Cego, umas em maior quantidade, outras em menor número (Kury, 2004). Corrobora com esta afirmação o estudo realizado por Marcelo Galves sobre os livros à venda em São Luís, no Maranhão, no final do Setecentos e primeiros anos século seguinte. O pesquisador não só encontrou grande quantidade de impressos pragmáticos, como muitos destes eram originários do Arco do Cego, como a Memória sobre a cultura dos algodoeiros (...) (Câmara, 1806) e o Naturalista instruído (...), de Frei Veloso (1800). Galves (2013: 10-11), ao indicar os valores destas obras quando colocadas à venda na Vila de São Luís, possibilitou-nos verificar que tanto no Maranhão quanto nas Minas os títulos eram comercializados pelo mesmo valor.

Também em um estudo similar para a Capitania de Santa Catarina, Felipe Matos (2007) identificou várias publicações do Arco do Cego circulando na vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Naquela ocasião, eram títulos correntes entre os letrados da ilha o já mencionado O Fazendeiro do Brasil, de Frei Veloso (1799), e o Discurso sobre o melhoramento do arado (Navarro, 1799), obras de caráter utilitário para o desenvolvimento e aprimoramento de práticas agrícolas.

Apesar de São Luís e Desterro serem praças políticas e comerciais que perdiam em importância para Vila Rica, estes lugares não deixaram de ser contemplados com o envio dos impressos em questão. Sabe-se, igualmente, que naquele período histórico os problemas econômicos da América portuguesa eram oriundos de diversas frentes (mineração quase que totalmente limitada à exploração manual, agricultura pouco diversificada e fracamente industrializada, mercado interno regionalizado, etc....). Podemos supor com tal distribuição de obras pragmáticas, as quais alcançavam desde os núcleos urbanos de maior importância, como o Rio de Janeiro e Vila Rica, até mesmo aqueles periféricos no cenário colonial, como o Desterro, que muitas destes compartilhavam os mesmos problemas econômicos, como o mal aproveitamento da terra arável e o subdesenvolvimento das indústrias de base rural. Por outro lado, as observações sobre a circularidade desses impressos por distintas vilas e cidades, desde o litoral ao interior, nos confere a certeza de que existiam, no final do período mariano, esforços realizados por parte da Coroa portuguesa na busca pelo aperfeiçoamento das práticas agrícolas e de mineração, para além de que tais ações não se restringiram aos maiores centros urbanos.

Obviamente, tais observações não são novidades na historiografia. Caio Prado Júnior (1974: 79-93) percebeu que o último quartil do século XVIII pode ser definido como sendo o período de renascimento da agricultura no Brasil, onde distintas culturas como o algodão, por exemplo, espalharam-se pelo interior favorecido pelo clima seco mais propício para estes cultivos. A mesma cultura do algodão, impulsionada pelos progressos técnicos da Revolução Industrial na Europa, desenvolveu-se de forma significativa em harmonia com outras culturas, como a quina ou o chá (Prado Júnior, 1974: 130-156).

Também autores como Douglas Cole Libby (1988: 22) compreenderam o processo de busca pelo desenvolvimento da economia pós declínio da mineração do ouro, seja a partir da própria dinamização desta, seja por meio do investimento no setor primário agrícola e no seu beneficiamento, como sendo uma “acomodação evolutiva”, construída a partir da agricultura de subsistência, mercantilizada ou não, e do desenvolvimento da indústria de transformação. Também Ronald Raminelli (2008: 8) aponta para a importância das viagens filosóficas – que precederam a escrita de muitas memórias impressas pelo Arco do Cego – e da escrita para o desenvolvimento do governo metropolitano e mesmo de seus domínios ultramarinos, considerando a utilização da ciência quando esta foi transformada no “instrumento necessário para medir terras, produzir mapas, aperfeiçoar as lavouras e as minas”. Naquele momento, segundo este historiador, o Estado assumiu a função de “instruir profissionais que teriam a nobre tarefa de reunir informações, cientificamente capazes de promover reformas, delimitar os limites do império e introduzir técnicas responsáveis por modernizar as atividades produtivas”, saberes que seriam, rapidamente, descentralizados na forma da publicização do conhecimento produzido.

Algumas das obras enviadas por frei Veloso para o Brasil são, visivelmente, mais numerosas que outras, como veremos a seguir. O Fazendeiro do Brasil, por exemplo, é, dentre outros títulos, aquele que mais sobressai nos anexos de correspondências onde eram listadas as obras enviadas para esta capitania. Em Vila Rica, apenas no biênio 1801-1802, 10 unidades desta obra foram retransmitidas por Bernardo para autoridades das maiores vilas da capitania.[9] Posteriormente, O Fazendeiro teria outros volumes publicados em um claro tom enciclopédico. Dividido em onze volumes publicados entre 1798 e 1806, foi impresso por distintos prelos, de acordo com a oferta e o funcionamento das casas gráficas lisboetas. Abrangendo assuntos diversos, tomava de tudo um pouco nos assuntos agrícolas versando sobre o açúcar, o café, o cravo e outras especiarias passíveis de serem cultivadas no Brasil. Outras obras também se destacaram pelo elevado número de exemplares circulando no Brasil, a exemplo de um impresso sobre a cultura do linho e do cânhamo (Veloso, 1799), conteúdo que seria posteriormente incorporado a obra O Fazendeiro do Brasil, dos quais teriam sido enviados ao Brasil “mais de duzentos exemplares” (Matos, 2007: 213) sendo anotados oito destes exemplares em apenas uma documentação referente às Minas.[10] O caráter instrucional da Collecção de memorias inglezas sobre a cultura e comercio do linho canamo (Veloso, 1999) vinha ao encontro dos esforços portugueses em desenvolver uma cultura do cânhamo, uma cordoaria e uma fábrica de tecidos na província do Rio Grande, uma vez que, em 1799, a “Junta da Fazenda Real do Rio de Janeiro enviou”, para aquela capitania, “sementes de linho cânhamo e modelos de instrumentos a serem distribuídos a lavradores”, além de “instruções sobre a forma de preparo das sementeiras, com o objetivo de garantir o sucesso do empreendimento”. Posteriormente, em 1804, o “Vice-Rei do Brasil recebeu 3 barris de sementes de cânhamo, dos quais 2 foram enviados ao Governador do Rio Grande” (Rosa, 2020: 11).

Momentaneamente, podemos excetuar os impressos pragmáticos do Arco do Cego, mas não desconsiderar aquelas editadas, escritas ou traduzidas por frei Veloso, as quais também provavelmente também estiveram à venda nas casas de secos e molhados das maiores vilas da capitania, locais onde frequentemente também ocorria o comércio livreiro. Uma simples análise dos acervos livrescos de naturalistas que viviam em Minas naquele período nos revela, por estas paragens, alguns ecos do trabalho do frei impressor.

Um destes naturalistas, Joaquim Veloso de Miranda (1742-1816), era possuidor de duas obras escritas por frei Veloso. Eram elas O Fazendeiro do Brasil, que infelizmente foi inventariado sem o tomo ou a data de publicação, pelo qual não podemos identificar se foi impressa no prelo do Arco do Cego; e uma Alografia vegetal, escrita por frei Veloso (1798). Outro naturalista, José Vieira Couto (1752-1827), também era possuidor de uma obra traduzida por frei Veloso. Tratava-se do Manual do Mineralógico, de Bergman (1799), que para ele certamente deveria ser de grande valia (Leite, 1990: 26).

Infelizmente, não encontramos nas livrarias destes pesquisadores nenhuma obra impressa no Arco do Cego – pelo motivo de que quando da realização dos inventários post mortem, comumente arrolavam-se os impressos por seus títulos e, quando muito, os autores, mas não as tipografias ou o ano. Caso fosse possível realizar tal constatação seria uma ótima oportunidade para confirmar a relação entre a casa tipográfica e os naturalistas – tentáculos –, que buscavam implementar ou promover, no Ultramar, o conhecimento disposto naquelas publicações, de acordo com os interesses econômicos da Metrópole.

Individualmente, os homens letrados residentes nas Minas e particularmente aqueles que das maiores vilas da Capitania, que possuíam relações políticas, acadêmicas ou de amizade com pessoas influentes na Corte de Lisboa, poderiam ser beneficiados com o recebimento de novas publicações, se favorecendo nesse processo de instrução e, até mesmo, exercendo o pioneirismo na implementação e no estabelecimento de novas culturas e tecnologias, como o próprio Veloso de Miranda que, nos primeiros anos do século XIX, passou a se dedicar às suas empresas agrícolas particulares.

Porém, em alguns lugares críticas ocorreram, sobretudo à distribuição de livros para pessoas iletradas e que foram consideradas, por esta natureza, incapazes de colocar em prática os conhecimentos agregados naquelas obras impressas, para além de classificá-las como úteis para “calçar algum pé de mesa mais curto” (Cabral, 1979: 91). A este quadro somava-se ainda o desleixo por parte da elite agricultora colonial que, segundo Kury (2004: 112), “não se interessava pelos novos gêneros de literatura didática voltados para a melhoria da agricultura, das manufaturas e de zootecnia”.

Não podemos descartar a possibilidade de o Governador ter se apoderado de algumas das publicações para compor sua biblioteca particular ou mesmo a biblioteca do Palácio dos Governadores, que foi, foi certa vez, classificada como sendo extremamente bela pelo naturalista austríaco John Emmanuel Pohl (1961: 391), quando de sua visita à Vila Rica, em 1820. Obviamente, alguns poucos volumes enclausurados nas estantes do principal Palácio de Vila Rica não seria a causa da derrocada do projeto português, ainda que confirmasse certa interação dos governantes coloniais com as letras, assunto este já pesquisado por Villalta (2001: 77-98).

Conclusão

          Como buscou-se evidenciar, a Tipografia do Arco do Cego foi planejada para exercer um importante papel de potencialização do desenvolvimento econômico de Portugal e de suas conquistas, a partir da publicação de memórias que buscavam colocar em prática estudos teóricos e empíricos, considerados promissores para reanimar a economia do Reino.

Apesar do Estado português e do Arco do Cego terem logrado êxito em promover a circulação de impressos em diversas capitanias da América portuguesa, dentre elas Minas Gerais, não se pode afirmar que essas obras foram, de fato, responsáveis pela implementação de novas práticas agrícolas, pelo desenvolvimento de novas culturas até então ainda inexploradas – ou mesmo pouco exploradas – ou, ainda, pela adoção de novas práticas e tecnologias na área da mineração aurífera, como se esperava.

Na verdade, alguns impressos levados a prelo pelo Arco do Cego encontraram, na América portuguesa, as ações que propunham orientar já sendo realizadas, a exemplo das pesquisas para a produção de salitre e de pólvora, que já eram realizadas nas capitanias de Minas Gerais e de São Paulo, ou ainda a produção de algodão, cultura que já era realizada pelo naturalista Joaquim Veloso de Miranda em sua fazenda, em Minas Gerais. Por outro lado, alguns outros impressos do Arco do Cego tiveram papel fundamental no desenvolvimento de culturas inéditas, como a do cânhamo, na província do Rio Grande, destinada à fabricação de tecidos e de cordoarias para embarcações.

Desse modo, é possível constatar que enquanto em algumas regiões da América portuguesa os impressos do Arco do Cego encontraram efetividade em seus propósitos, sendo utilizados para o desenvolvimento de suas ações fins, em outros recortes geográficos daquele território não receberam a devida atenção por parte do público que, julgava-se, era capaz de bem aproveitá-los.

Referências

Fontes Manuscritas

Arquivo Público Mineiro. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277. Registros de Cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo (1797-1803).

Arquivo Público Mineiro. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-283, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos, (1798).

Fontes Impressas

Bergman Torbern (1799). Manual do Mineralogico; ou, esboço do reino mineral, disposto segundo a analyse chimica, traduzido por Frei Veloso em 1799. Lisboa: Officina de João Procópio Ferreira da Silva.

Câmara Manuel Arruda da (1799). Memória sobre a cultura dos algodoeiros, e sobre o método de escolher, e ensacar, etc., em que se propõem alguns planos novos para o seu melhoramento. Lisboa: Officina da Casa Literária do Arco do Cego.

Fourcroy Antoine-François (1798). Memória sobre a cultura, a preparação do Girofeito aromático, vulgo Cravo da Índia, nas Ilhas de Bourbon e Cavena. Lisboa: Officina de João Procópio Correa da Silva.

Navarro José Gregório de Moraes (1799). Discurso sobre o melhoramento da economia rustica do Brazil, pela introdução do arado, refórma das fornalhas, e conservação de suas mattas. Lisboa: Officina de Simão Thaddeo Ferreira.

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Veloso (Frei) José Mariano da Conceição (1800). Naturalista instruído nos diversos methodos antigos, e modernos de ajuntar, preparar, e conservar producções dos tres reinos da natureza: colligindo de diferentes authores, dividido em vários livros. Lisboa: Casa Tipográfica do Arco do Cego.

Notas de fim

[1] Na América portuguesa, o estabelecimento de hortos e jardins botânicos – muitos dos quais conduzidos por naturalistas luso-brasileiros – foi o responsável pelo abastecimento das grandes quantidades de amostras exóticas de minerais, pela permuta de exemplares botânicos e também pelo envio de animais, vivos e empalhados, os quais eram centralizados, sobretudo, nas instituições científicas de Lisboa. Muitos naturalistas luso-brasileiros exerceram atividades semelhantes na África sem, no entanto, contarem com hortos e jardins, os quais foram restritos à colônia americana. De todas as Colônias africanas, apenas São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau não receberam visitas de naturalistas luso-brasileiros no final do período mariano e início do joanino.

[2] Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), mais conhecido por Tiradentes, em função de sua antiga profissão, foi um militar – alferes – natural de São José del-Rei, Minas Gerais, que se envolveu em uma sedição planejada e fracassada que, em 1789, pretendia tornar essa capitania independente de Portugal. Os inconfidentes, como ficaram conhecidos os sediciosos, tinham por desagravo os altos impostos cobrados pela Coroa lusa e o próprio domínio português sobre a região das minas de ouro. De todo o movimento, Tiradentes foi o único condenado à morte, sendo enforcado na cidade do Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1792, aos 45 anos.

[3] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-283, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798), fls. 1-1v.

[4] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-283, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798), fls. 1-1v.

[5] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-283, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798), fls. 3-3v.

[6] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277. Registros de Cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo (1797-1803), fl. 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798), fls. 86.

[7] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277. Registros de Cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo (1797-1803), fls. 98, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798).

[8] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277, Registro de cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo, (1797-1803), fls. 98-98v, 1798. Originais de Cartas Régias e Avisos (1798).

[9] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277. Registros de Cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo (1797-1803), fls. 86, 98, 98v.

[10] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria do Governo da Capitania, Seção Colonial, SC-277. Registros de Cartas do Governador a várias autoridades e destas ao mesmo (1797-1803), fls. 98 e 98v.

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Para citar este artigo
Márcio Mota Pereira, «
Úteis para calçar algum pé de mesa mais curto? Circulação e pragmatismo na recepção dos livros publicados por frei Veloso, em Minas Gerais colonial », RITA [en ligne], n°15 : décembre 2022, mis en ligne le 02 avril 2023.